sábado, 21 de novembro de 2009

O Vendedor

(De autor desconhecido)
Tempos atrás chegou-me às mãos uma cópia xerox bastante gasta, com o título “Como você vê o vendedor?”. Embora desconhecendo o autor, resolvi incluir seu teor entre as tantas estórias que compilei ao longo de quase trinta anos na profissão. Talvez o texto não se adeqüe ao perfil atual do vendedor. Diz respeito mais ao antigo viajante, personagem anterior à globalização e ao crescimento das grandes redes de supermercados, quando, nas principais cidades do interior, floresciam as pequenas redes regionais, hoje desaparecidas, anexadas ou simplesmente engolidas pelos gigantes multinacionais do setor. Mas esta antologia ficaria incompleta se deixássemos de citar este texto, que dá uma idéia do que era e o que se pensava, de uma forma bem humorada, do vendedor daquela época.

COMO VOCÊ VÊ O VENDEDOR?

Dependendo do ângulo que você “olhe”, o vendedor pode parecer muitas coisas, senão vejamos:
Para o Hoteleiro: Um freguês importante;
Para o Patrão: Um malandro;
Para a Mãe: Um sofredor;
Para a Sogra: Um turista remunerado;
Para a Esposa: Um eterno namorado, deixando-a sempre saudosa;
Para o Gerente: Um alfinete no Mapa de Zonas de Vendas;
Para o Supervisor: Uma quota a ser coberta;
Para o Financeiro: Um custo a contabilizar;
Para o Cliente: Um “atochador”.
Para ele próprio: Um cara legal, um grande profissional, um super-trabalhador, e que se não fôsse seu trabalho a empresa não ia pra frente.

Entretanto, ele precisa ter a resistencia de Hércules, a arte de Maquiavel, o tato de um diplomata, a eloqüencia de um orador, a sedução de um galanteador e a agilidade mental de um matemático.
Deve ser impermeável aos insultos e às queixas, à indiferença, à cólera, ao desprezo e aos efeitos dos aperitivos que toma em companhia de algum cliente.
Tem que ser capaz de vender todos os dias, entreter alguns clientes durante a noite, dirigir pelas madrugadas até a cidade mais próxima e estar no primeiro cliente às 8:00 horas com a disposição de um atleta.
Tem que ser entendido em futebol e nos carteados, contar boas anedotas, conhecer bem seu produto e os dos concorrentes, ser um homem de negócios, bem informado, agradável companheiro de mesa e atencioso ouvinte de histórias tristes e saber rir de anedotas infames.
Bem quisera que seus produtos fossem ainda melhores e mais bem aceitos, seus preços menores, sua comissão mais elevada, sua zona menor, seus concorrentes mais leais, sua mercadoria entregue dentro do prazo tratado, seu chefe simpático, sua propaganda mais eficiente e seus clientes mais humanos.
Mas ele é um realista, sabe que nada disso acontecerá, mas é otimista e, de qualquer maneira, realiza sua venda.
Viaja solitário no seu carro, ônibus, trens, táxis, sabendo que a solidão de um quarto triste de hotel é a sua única companheira, freqüentemente.
A cada dia carrega nos ombros o peso morto das vendas do mês que passou e a cota requerida para o mês seguinte.
Terminado o trabalho de rua, tem que enfrentar essa “maldição do vendedor”: a burocracia (relatórios e mais relatórios)!!!
Apesar de tudo isso, não deseja outra coisa na vida, tem orgulho do que faz e é ele mesmo a proclamar:
“Sou vendedor!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário